segunda-feira, 3 de maio de 2010

Pichador do Cristo é solto após depor.

No último dia 14 de abril, a estátua do Cristo Redentor, uma das 7 maravilhas do mundo, foi pichada pelo pintor de paredes Paulo Souza dos Santos.
Paulo e seu amigo, que não teve o nome revelado, saíram em direção ao Cristo Redentor cheios de ideias na cabeça. Sem dúvida, aquela não seria uma quarta-feira comum. Como chamar atenção para seus problemas pessoais em uma cidade do tamanho do Rio de Janeiro? Munidos de seus instrumentos de trabalho - ambos são pintores-, subiram até o topo da estátua e lá registraram sua indignação.
Quando foi descoberta a pichação, as atenções foram voltadas para a indignação de uma sociedade e não para a expressada pelos dois pintores. Ao perceber que não havia mais escapatória, Paulo e sua indignação cederam a pressão popular e se entregaram.
O mais impressionante dessa história é que no final o tal ato de indignação foi recompensado. Além da repercusão nacional, eles só foram acusados de crime ambiental e injúria descriminatória. Agora se os amigos serão condenados, é outra história, mas se acontecer prestarão serviços comunitários.
Algumas vezes o crime compensa.

Crônica escrita em 23/04/2010.

Os donos da rua

Trafegar em São Paulo há tempos tem sido uma das maiores dificuldades do paulistano. Mesmo em período de crise econômica, segundo dados da Jato Dynamics, no primeiro semestre deste ano, o Brasil teve o aumento de 4,2% em sua frota de veículos. Em números, somente na cidade de São Paulo houve um aumento de quase 500 mil veículos. Com preços e condições atrativas, a compra de um veículo – seja carro ou moto –, nunca foi tão fácil.
Especialistas afirmaram que se o crescimento na frota não fosse contido, o congestionamento em São Paulo estaria a um passo de parar a cidade. O que, de fato, não aconteceu. Porém, o paulistano que opta por sair de casa com seu carro encontra outro problema além do trânsito caótico: estacionar.
Figuras comuns em grandes centros urbanos, sempre pedindo para “tomar conta” do seu carro, os flanelinhas ou simplesmente guardadores de carros estão espalhados por toda a cidade. Prática ilegal, porém adotada e aceita por muitos motoristas, já que, dependendo da região, o valor do estacionamento comum é muito alto. “Eu fui assistir a uma peça semana passada em São Paulo, paguei R$ 20,00 para estacionar na região da Augusta, um despropósito sem tamanho. Isso ainda que meu carro está sem seguro. Não tive alternativa, tive de parar no estacionamento mesmo, infelizmente”, diz o funcionário público, Valter Guilherme Junior, 28.
Para a auxiliar administrativa Daniela Lima, 22, um flanelinha cobrar por uma vaga pública é abusivo. “Você sai de casa já pensando em não pagar o estacionamento e estacionar em local público, mesmo que com o mínimo de segurança e se vê numa saia justa quando é abordado por flanelinhas te exigindo uma contribuição X por uma vaga na rua. Muitos pedem antecipadamente a contribuição e quando você volta e sai com o carro, ele nem percebe que você saiu, na maioria das vezes eles nem ao menos estão no local. Absurdo!”. Já para o designer gráfico Fabiano Takeda, 29, a situação vai além. “Deixo meu carro, muitas vezes, com flanelinhas por não haver outra saída. Não sei se quando eu voltar, vou encontrar meu carro nas mesmas condições.”
Com o crescimento demográfico, há uma necessidade de construir prédios para acomodar o grande número de habitantes, uma vez que casas térreas não seriam suficientes. Com o crescimento da frota de veículos, a prefeitura de São Paulo quer fazer a mesma coisa com os estacionamentos. Ainda neste ano deve ser lançada uma licitação de mudanças na Zona Azul, entre elas existe a possibilidade de construção de prédios em áreas de grande concentração de veículos, a fim de desafogar os estacionamentos existentes e também as vagas na rua.
Diferente de São Paulo, em Brasília a profissão de flanelinha é legalizada. Mas para exercê-la, é necessário um curso de capacitação, ou seja, cada flanelinha precisa ter noções de cidadania, relações humanas no trabalho, trânsito e obrigações profissionais. Algumas cidades estudam a possibilidade de adotar a proposta, entre elas Rio de Janeiro e Ribeirão Preto, interior de São Paulo.

Matéria publicada no Momento Online:

http://www.fiamfaam.br/momento/?pg=leitura&id=2029&cat=2